segunda-feira, 1 de junho de 2009

INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE- DISCUSSÃO 1

A inovação é uma condição humana. Se não fosse inovação, se os humanos não fossem inovadores, ainda estaríamos na Pré-História. A Inovação é conduzida tanto pelo indivíduo, como a nível colectivo. Mas hoje a tecnologia desempenha o papel de acelerador da inovação. Não serve simplesmente para fazer uma coisa. É uma tecnologia com uma natureza muito dinâmica. Está sempre a transformar-se em coisas novas.

A criatividade tende a ser conotada com a actividade artística. Estamos a assistir a uma mudança para uma cultura do conhecimento tecnológico e menos ligada às humanidades e ao sentido da vida. Hoje começa a emergir uma cultura artística que está para além destas fronteiras. A componente cultural tem de perceber que faz parte dessa nova totalidade do conhecimento ou ficará arredada no seu gueto. Como já referi, hoje há uma parte da cultura que é conservadora, que se queixa, que não sai daquele meio protegido que se habituou, dos subsídios do Estado. Mas é preciso mostrar que aquilo que as pessoas da cultura fazem pode gerar uma participação activa no desenvolvimento da sociedade. Hoje o mundo empresarial precisa dessa capacidade criativa, a qual já não se resume a criar um novo produto, mas sim ao restante da cadeia de valor; como vendê-lo, como produzi-lo, como ser mais justo social e ambientalmente. O mundo da cultura tem de se abrir ao mundo. No limite, trata-se de reproduzir o movimento da Bauhaus, quando os artistas afirmaram que também queriam fabricar artefactos para as casas das pessoas. Aí nasceu o conceito de design. Hoje estamos a assistir ao aprofundamento disso. A função da cultura não é ficar num gueto mas participar no todo da sociedade.

Realmente, inovação e criatividade conjugaram-se mais nos últimos anos por causa da evolução tecnológica. Não desprezando as comunidades, a evolução tecnológica colocou o indivíduo no centro do conhecimento. Na sociedade do conhecimento o grande criador de valor, de novidade, de movimento de opinião é o indivíduo. Portanto a inovação, para ser consistente, depende muito da atitude empreendedora e imaginativa dos indivíduos. Isto tem impacto na política pública. Por exemplo, a base do Plano Tecnológico era o triângulo conhecimento-tecnologia-inovação. Agora este é complementado por uma outra tríade fundamental: a identidade (indivíduo ligado ao conhecimento), mobilidade (ligada a tecnologia) e a criatividade (ligada a inovação). Ou seja isto mostra que a criatividade é o outro lado da inovação. Se a «moeda» do conhecimento não tiver estes dois lados, o que é gerado é efémero inconsistente e as sociedades entram progressivamente no vazio



"A criatividade e a inovação são a mesma coisa. A inovação tem sempre um carácter progressista, isto é, fazer qualquer coisa que não se tenha feito antes. Em contraste, a criatividade pode não ser «criativa».

O que quero dizer é que a criatividade pode ser conservadora. A criatividade é uma capacidade de construção humana de visões, de conceitos, que pode não ser inovadora. Por exemplo, pode ser um retrocesso. Por isso, num país, um Estado, não pode estar a inventar coisas por si próprias. Mas pode criar as condições de ordem social e cultural para a inovação emergir. Neste ponto, uma democracia é melhor que uma ditadura, porque nesta última não há liberdade de se dizer o que se quer e bem entende…"

Entrevista com Leonel Moura, Março de 2009
Revista FORMAR, nº 66


DISCUSSÃO 2- INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE NA EDUCAÇÃO
A nova geração que são os nossos alunos neste momento é uma geração digital. Há quem lhes chame “Milenaials” ou “Geração Y”. Don Tapscott, considerado por muitos um guru das tecnologias, e autor do livro Grown Up Digital, prefere chamar-lhes “Geração Net”. São, no fundo, pessoas que cresceram com as tecnologias e que têm, por isso, uma cultura marcadamente diferente face à geração que as precede. Constituem uma nova força a crescer em todo Mundo, o que é observada com optimismo.
”O verbo “trabalhar” passa ser indissociável de “apreender, divertir-se e trabalhar em equipa”. E, por isso mesmo, a forma de ensinar tem que ser alterada. Deve abandonar-se o modelo antigo – em que o professor asume a figura de emissor de conhecimentos e os alunos adoptam uma postura passiva – e passa haver uma maior intervenção dos aprendizes. Os jovens querem fazer parte dos processos e interagir, em vez de serem meros espectadores, quando integram o mercado de trabalho.” (TAPSCOTT,1998)
Podemos afirmar também que a cultura também não escapa a regra: A cultura já não é somente de contemplação. Estamos perante de uma cultura da criatividade, da interacção, pois “as pessoas querem fazer”. O mundo cada vez mais um lugar muito dinâmico e temos de agir nesse dinamismo. E, também por isso, cada vez que falamos da Inovação temos de pronunciar a palavra “Criatividade”.
Neste artigo vamos continuar a procurar propostas e respostas sobre a inovação em educação.









Bibliografia:
TAPSCOTT, DON. 1998. GROWING UP DIGITAL: The Rise of the Net Generation McGraw-Hill, New York

Sem comentários:

Enviar um comentário