segunda-feira, 1 de junho de 2009

"As Variedades do Proteu", de António José da Silva






Dia 1 de Junho de 2009, ESEVC /IPVC

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Ensaios do espectáculo "As Variedades do Proteu" de António José da Silva





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Licenciatura em Educação de Infância - 3º Ano





Fotografias do nosso atelier durante o processo da construção de marionetas. Quartas-feiras às 8h30m.
Ano Lectivo 2008 /2009

QUALIFICAR A EDUCAÇÃO ARTÍSTICA Recomendações da Conferência Nacional de Educação Artística (Casa da Música, 29 a 31 de Outubro de 2007)

Nas últimas décadas, Portugal foi palco de um intenso desenvolvimento no
quadro do sistema educativo e dos equipamentos culturais. As transformações
na educação e na cultura têm reflectido uma estratégia de inclusão e
alargamento de população escolar nos diversos níveis de ensino, e dos
públicos, generalizando o acesso à educação e à criação artísticas. Encontrase,
hoje, patente nas escolas, nas associações locais, nos espaços de cultura,
autarquias e organizações não governamentais a presença de programas
estruturados e, sobretudo, de projectos que revelam um crescimento da
consciência da importância das artes no desenvolvimento humano, quer
enquanto objecto de aprendizagem, quer enquanto instrumento potenciador de
outras aprendizagens.
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Neste sentido, é de recomendar o envolvimento institucional para o
estabelecimento dos seguintes objectivos:
1. Valorizar a importância da educação artística para o desenvolvimento
colectivo.
2. Garantir a igualdade de acesso à educação artística, alargando e
diversificando as oportunidades educativas nas comunidades, e
ampliando os seus públicos-alvo.
3. Apoiar e qualificar a educação artística nas escolas e nas comunidades,
promovendo o trabalho em rede e as parcerias, recorrendo às infraestruturas
existentes.
4. Estabelecer e administrar programas em parcerias para aumentar as
oportunidades de contacto da população, sobretudo jovem, com o
panorama artístico internacional, com as diversas linguagens e técnicas,
bem como com o património artístico em Portugal. E estimular assim o
auto-conhecimento e a perspectiva histórica através da fruição, análise e
leitura crítica de obras de arte e da experimentação das suas técnicas.
5. Constituir uma rede de peritos nacionais em educação artística.
6. Incentivar o apoio mecenático e a cooperação com associações e
organizações não governamentais.
7. Promover a Investigação no domínio da educação artística, incluindo a
investigação sobre referenciais de aplicação, curriculum e avaliação em
educação artística.
8. Apoiar a criação de obras artística de qualidade, destinadas
especialmente aos públicos mais jovens
9. Desenvolver estratégias e programas de avaliação de projectos de
educação artística.
10. Promover a reflexão pública e regular, nomeadamente através da
realização de encontros e conferências, e da publicação de textos sobre
a educação artística.
11. Constituir um portal nacional de educação artística, na Internet.
12. Promover parcerias duradouras entre os sistemas educativo e cultural.
13. Captar capital de risco para projectos eminentemente inovadores no
domínio da educação artística.
14. Definir um roteiro nacional para a educação artística.
No quadro das preocupações expressas durante a Conferência propõe-se,
finalmente, a criação de uma estrutura de suporte ao desenvolvimento e
monitorização de uma agenda nacional para a educação artística.

E ESTAMOS NO ANO 2009. E AGORA FAZ FALTA A "A CRIATIVIDADE E A INOVAÇÃO"!!!

QUALIFICAR A EDUCAÇÃO ARTÍSTICA
Recomendações da Conferência Nacional de Educação Artística
(Casa da Música, 29 a 31 de Outubro de 2007)

A Inovação que faz falta na escola? Inovação e Criatividade mais uma vez.

“Falta uma inovação na escola? Que tipo de Inovação que se trata? Mais uma série de reformas?

As revoluções são mais raras que as reformas. Talvez nossa época,
marcada pelos “milagres” da Ciência, tenha nos colocado numa difícil posição
de percebermos esta verdade trivial. Afinal, a todo instante ouvimos ou lemos
alguma coisa sobre uma “revolução” qualquer: regimes, remédios, novas tecnologias de informática, métodos cirúrgicos, etc., tudo anunciado como se fosse para “transformar as nossas vidas”.
A crença na facilidade da transformação radical é ainda mais perigosa quando
trata-se de transformar o comportamento, por exemplo.
De facto é mais fácil mudar o rosto que me desagrada do que mudar o meu
descontentamento comigo mesmo, mas para que mudar a mim mesmo se posso
mudar o rosto que desagrada-me, enfim, se posso mudar o mundo para que ele se
adapte ao que quero dele.
Aqui vemos em condições de visualizar o que este tipo de postura pode
alimentar de nossa omnipotência infantil, nunca totalmente ultrapassada, que
impulsiona-nos, a neutralizar os obstáculos reais do mundo,
inventando um mundo a parte, no qual somos o mestre criador e nada pode
realmente limitar-nos. Neste plano as revoluções parecem fáceis.


Conhecemos as respostas habituais: maiores investimentos, formação
docente, reformas arquitectónicas, adaptações curriculares,avaliações dos professores etc. Todas estas
“reformas” que parecem necessárias podem ser consideradas “Inovação”?
A história é fértil de exemplos que demonstram o risco de uma proposta
revolucionária em seus termos, sucumbir a uma “reforma” que não faz senão
manter tudo como estava antes, com a diferença de permitir-nos o reconforto de
uma posição moral.
O exemplo clássico é o que aconteceu na crítica aos hospitais psiquiátricos como
instituições deshumanas, que só fez com que, salvo iniciativas
muito pontuais, os hospitais fossem pintados de uma cor mais alegre, os médicos
e enfermeiros fossem convidados a não utilizar mais meios tão chocantes para
conter “a loucura” dos pacientes, que a administração da loucura ganhasse um
aspecto “mais humano”, o que só vem evidenciar que a desumanização destas
pessoas é um risco iminente.

A armadilha da pergunta “o que falta fazer na escola para ser considerada “Inovação” ?”
A concepção de uma “escola ideal” para atender a perspectiva da educação
em geral aparentemente feita para que nos orientasse com relação à direcção a
seguir, com muito mais frequência, como é típico na matéria do ideal, desemboca
numa desorientação.
Isto acontece porque não é fácil transitar nas bordas que separam de um
lado uma escola ideal, de outro, ideais para a escola, retomando aqui uma
distinção estabelecida por Freud entre “ego-ideal” e “ideal do ego”.
Que a escola ou mesmo a sociedade tenha ideais é mais que desejável,
necessário. Os ideais dão à vida em sociedade a perspectiva de futuro, a
possibilidade de uma profundidade na acção, na direcção do sublime que não é
senão uma condição para que nos afastemos da busca imediata para nossas
satisfações, sempre desagregadora e problemática para qualquer organização
social.
Já a escola ideal é algo que tem a ver com uma idéia de “perfectibilidade”,
com a intenção de se tornar “sem falhas”, ou seja, com o conforto narcísico,
aquele que se produz quando nos apaziguamos com nossa própria imagem
reflectida no espelho. Todo problema do narcisismo, como sabemos, é que Narciso
foi aquele que “morreu” por estar condenado a “não olhar mais para ninguém”.
É neste sentido que salientávamos o perigo da pergunta sobre “o que falta
Então na escola para “Inovar”?”. O risco é de que a escola em sua reforma
fique tão aprisionada em seu modelo ideal que o outro a quem ela se dirige
desapareça.
Talvez fizéssemos bem em deslocar a pergunta para : “ Quais são ‘as
possibilidades’ da escola para contribuir na direcção de uma sociedade mais
global?” Será que a inovação e a criatividade são duas respostas para a mesma pergunta?

O conselho Europeu acordou em declarar 2009 ano da criatividade e da inovação. Em Março de 2008, numa comunicação sobre o tema, a Comissão Europeia deixou clara a sua posição (http://europa.eu/rapid/press-ReleasesAction.do?reference=IP/08/482): “A Europa precisa de relançar a sua capacidade de criatividade e inovação tanto por razões económicas como por razões sociais”

Conviver com a diversidade não parece ser a inclinação de nossa época.
É certo que a proposta inclusiva implicaria “reformas” na escola, mas
seus maiores “desafios” parecem originar-se daquilo que ela comporta de “revolução”.

Implicação subjectiva que nada tem a ver com a tal “força de vontade” tão alardeada nos dias de hoje. Na verdade este entendimento faz parte da
simplificação característica de nossa época que serve, como dizíamos no
início, apenas para preservar nossa crença em nossos poderes ilimitados de
transformação.
A vontade não tem tanta força assim face a nossas motivações
inconscientes, provou Freud. Podemos querer o bastante uma coisa e sermos
impedidos por nós mesmos de atingi-la, sem que saibamos explicar o porquê.
Ainda que estejamos convencidos da justeza da premissa da equidade social será
necessário que algo seja feito de nossa tácita tendência anti-social inconsciente
que segundo Freud nos leva a insistir para que nossa própria satisfação seja
privilegiada
Admitir este carácter paradoxal na pergunta sobre as possibilidades da
escola na consecução do ideal da sociedade global parece mais promissor do
que pretender perfectibilizar a instituição como se ela fosse, em sua estrutura, livre
o bastante dos impasses da sociedade e pudesse reformar-se na direcção que bem pretender, bastando para isso “força de vontade”, ou “vontade política”, que neste caso fica reduzida ao mesmo sentido.
Mais para “ser” é preciso mais tempo, um tempo que não é do “time is
money”, mas aquele da agricultura, no qual planta-se, cultiva-se, espera-se que a
planta faça também seu papel e no qual nem esteja sempre numa colheita ideal.
Se não medirmos bem as dimensões do nosso ideal
podemos sucumbir numa acção que será sempre lida como fracassada, que
é o resultado inevitável de quem espera mais de uma coisa do que ela pode
efectivamente ser.